Participar da corrente espiritual New Age ou usar talismãs, entre outras formas de entrar em contato com o 'mundo das trevas', pode fazer com que o demônio se apodere do corpo e da mente do pagão em questão, disse no México Francesco Bamonte, reconhecido exorcista católico italiano.
"A ação extraordinária do demônio tem três causas possíveis", explicou Bamonte, autor do livro 'Os danos do espiritismo', durante o III Congresso Nacional de Exorcistas organizado a portas fechadas de 16 a 20 de julho pela Arquidiocese do México.
"A primeira tem a ver com a própria culpa, quando são tomadas atitudes supersticiosas ou se pratica o ocultismo, além de pertencer a seitas satânicas ou esotéricas, envolver-se na corrente New Age ou acreditar no poder dos talismãs, das pirâmides de energia, na cartomancia, no tarô", alertou o exorcista, segundo informou a Arquidiocese do México.
A segunda "pode ser causa de um malefício elaborado ou mandado realizar por uma terceira pessoa, e a terceira pode ser um chamado especial de Deus para que a pessoa ofereça seu sofrimento nas garras do demônio pela salvação de outras almas", disse o mestre da Universidade Pontifícia Regina Apostolorum de Roma .
A "infestação", definida pela Igreja católica como "a moléstia do demônio sobre coisas e objetos inanimados, como por exemplo passos de pessoas que não são vistas ou sons de campainhas que não existem" é outro dos "graus de ação do demônio", segundo Bamonte.
Outro grau, afirmou Bamonte, é "a humilhação diabólica, que consiste em agressões físicas que o diabo exerce sobre uma pessoa e que se manifesta com arranhões, golpes, chagas, purulências, incisões na pele e demais danos corporais sem explicação natural".
Uma "obsessão demoníaca" também pode se manifestar, segundo o católico italiano, atormentando "a imaginação e a memória do homem com idéias, imagens e sensações obsessivas com o objetivo de manipular a vontade da pessoa, levando-a a cometer atos irracionais e destrutivos, como o suicídio ou o assassinato".
Mas, como muitos desses sinais podem ser confundidos com doenças mentais, Bamonte pediu aos sacerdotes exorcistas mexicanos que avaliem cada caso "com a maior prudência possível", principal objetivo do encontro.
O motivo é que a cada 10 mil pessoas que dizem estar possuídas pelo demônio, apenas uma esteja talvez aprisionada pelo "maligno". Além disso, o rito católico para exorcizar é muito diferente do que se vê nos filmes de Hollywood, argumentou o pároco mexicano Jesús Aguilar.
O falecido Papa João Paulo II, por exemplo, como sacerdote "fez apenas três exorcismos", lembrou Aguilar.
Os sinais "de uma real possessão diabólica são falar, compreender, escrever e ler idiomas desconhecidos pela pessoa; conhecer circunstâncias impossíveis de serem sabidas pelo possesso, como pecados do exorcista ou outra pessoa; possuir força desproporcional e sobretudo a aversão pelo sagrado: a Deus, à Igreja, etc", explicou Bamonte.
Com uma população de 105,8 millones de habitantes, o México conta com mais de 80 milhões de católicos.