ROMA, 2 de novembro de 2003 (ZENIT.org).- «A superstição ofende Jesus Cristo porque significa que não se confia suficientemente Nele» afirma o exorcista italiano Francesco Bamonte, autor de um livro sobre a ação oculta do maligno e as supostas comunicações com o além.
O volume, editado atualmente em italiano, leva por título «Os danos do espiritismo» («I danni dello spiritismo») e é publicado pela editora Ancora. Edições em outros idiomas estão sendo preparadas.
O padre Bamonte, religioso dos Servos do Coração Imaculado de Maria, dedica seu trabalho pastoral a ajudar as pessoas que caíram nas redes de magos ou de um suposto médium.
Nesta entrevista exclusiva a Zenit, este autor de livros já traduzidos em inglês, castelhano, francês e polonês descreve com precisão os danos físicos e psíquicos do espiritismo.
Com veemência, repete que «espiritismo e fé católica são irreconciliáveis».
--O senhor é exorcista. Pensa que as pessoas que caem em práticas de espiritismo buscam a verdade de maneira errônea?
--Bamonte: Sempre. As práticas de espiritismo são uma via equivocada de buscar a verdade. Esperam receber informações autênticas sobre Deus, o homem, o além, o passado, o presente e o futuro daquilo que acreditam ser almas de falecidos. Na realidade, geralmente não são mais que truques que em algumas ocasiões fazem entrar em contato com o próprio inconsciente. Em outros casos, contudo, entra-se em contato com espíritos demoníacos que fingem ser almas de falecidos. Porque os fenômenos e as manifestações de espiritismo não são sempre truques, ficção, sugestão, mecanismo psicológico ou manifestação do inconsciente ou criação da psique com a qual alguns queiram explicar algo fora do normal, inclusive aquilo demoníaco ou sobrenatural.
Os casos de infestação e de possessão diabólica, nos quais os sacerdotes exorcistas tiveram de intervir depois de uma sessão de espiritismo, demonstram claramente como esta prática é uma via privilegiada para uma ação destrutiva do demônio sobre pessoas.
--O que é exatamente o espiritismo e por que não é conciliável com a fé?
--Bamonte: É a evocação dos falecidos, ou seja, uma prática com a qual, através de técnicas e meios humanos, com ou sem um médium se tenta chamar um falecido para fazer-lhe perguntas. Cada vez que rezamos a Deus por nossos falecidos, sem recorrer a uma prática espirita, pedimos aos falecidos assim como aos santos que orem a Deus conosco e por nós. Esta é a invocação dos falecidos, mas não a evocação, que seria o que fazem no espiritismo.
Os defuntos somente podem se manifestar por iniciativa livre de Deus, diretamente e nunca mediante técnicas ou meios como as sessões de espiritismo. Com fins sérios, Deus pode permitir a uma pessoa falecida que se mostre a nós, por exemplo para dar-nos um conselho ou ainda que seja para dar-nos uma presença de consolo, para pedir sufrágios ou para agradecer sufrágios recebidos.
Se, pelo contrário, somos nós que queremos provocar um encontro com os falecidos mediante «evocação» com as técnicas espíritas, já desde o Antigo Testamento Deus falou claro a respeito e nos disse que quem fizer estas coisas o abomina. Basta ler Deuteronômio 18, 10-12 ou Levítico 19. 31.
--As práticas de espiritismo prometem consolo e contato com pessoas falecidas. O que se pode dizer, desde um ponto de vista cristão, a quem busca esta aproximação com o além?
--Bamonte: Que leiam a Bíblia e vejam que Deus proíbe severamente esta aproximação com o além porque Ele sabe que é falso e enganoso ao submergir-nos na escuridão e desviar-nos da verdade e da fé autêntica, abrindo caminho à intervenção dos espíritos do mal.
Quem quer sentir-se próximo de seus entes queridos falecidos, que se confesse com freqüência, vá à missa, reze por eles e esteja totalmente disponível para o que Deus disponha. Deus lhe dará com certeza a possibilidade de experimentar o gozo de sentir-se em comunhão com os próprios falecidos queridos.
--Quais são os danos principais do espiritismo?
--Bamonte: Moléstias físicas de todo tipo como dores fortes de barriga, na frente, ossos, vômitos, ataques epiléticos, formigamento nas pernas, ataques repentinos de calor e frio, sensação de angústia crescente, contínuos tics nervosos, a impossibilidade de ingerir comida.
--Ainda há mais?
--Bamonte: Referia somente a moléstias físicas, mas há ainda muito mais: não dormir nem de noite nem de dia, não poder estudar ou trabalhar. Estar agitado, ter pesadelos, medo de lugares escuros, sensação de ser agarrados pelos braços ou como se alguém se sentasse em nossos joelhos. Também se experimentam bofetadas invisíveis ou mordidas que não se vêem, assim como golpes no corpo.
--E os danos psicológicos?
--Bamonte: Fenômenos de auto-marginalização do contexto social e cotidiano, estados de dependência parecidos ao álcool ou à droga, perda da racionalidade e da liberdade, dissociação da personalidade até chegar a sentir que alguém entrou na própria pessoa e há vozes que se sobrepõem à oração e blasfemam e induzem ao suicídio.
Em relação aos danos sobre os lugares, poderíamos dizer que vem assinalados por fenômenos de movimento de objetos sem nenhuma causa sensível, timbres de portas ou instrumentos musicais que soam de repente. Também há que assinalar golpes no telhado, nas paredes ou no solo, e gritos e vozes no ar, ruído de passos, visões de sombras ou presenças monstruosas.
--O que é o assim chamado espiritismo pseudocatólico?
--Bamonte: O intento inútil de conciliar a fé católica com o espiritismo. Pelo que acabo de dizer se compreende como isto é absolutamente impossível .
--Sim, compreende-se perfeitamente. Mas não é raro encontrar-se com cristãos um pouco supersticiosos. Pode-se corrigir esta tendência?
--Bamonte: A superstição é um pecado contra o primeiro mandamento. Fé cristã e superstição estão em aberta contradição e, contudo, não poucos cristãos têm medo do gato negro que cruza a rua, do óleo que se derrama, do número 13 ou do 17, e levam em cima amuletos ou talismãs para assegurar boa sorte ou afastar má fortuna. Também há muitos cristãos que na porta da casa têm uma ferradura de cavalo. Não é raro ver católicos fazendo gestos como os chifres com a mão ou que cruzam os dedos em momentos particulares. É também grave, sobretudo se se é cristão, crer em horóscopo, consultar os magos, deixar-se ler a mão ou praticar o espiritismo.
A superstição ofende Cristo porque revela uma falta de abandono e de confiança n'Ele. Na evangelização, na pregação da missa e na catequese, é necessário anunciar que o cristão se fia sem limites de Cristo, que liberta e salva o homem das forças do mal que o ameaçam. Pelo contrário, a superstição não só não o liberta nem o protege das forças do mal mas é uma via que lhe escraviza para sempre.